Por: Stephen Kanitz (*)
Um dos dogmas de partidos socialistas é que as empresas não deviam ter lucro, como as cooperativas por exemplo.
Por que as empresas querem ter lucro?
Um dos mandamentos do Comandante Rolim, hoje Latam, era “nunca tenha prejuízo”.
Esse é o verdadeiro pavor de uma empresa brasileira.
Portanto, a única forma de garantir nunca ter um prejuízo é ter um lucro, qualquer que seja.
Segundo, ao contrário do que intelectuais pensam, maximizar o lucro dá muito trabalho, e sempre haverá decepção quando não for alcançado, ou no ano seguinte despencar.
Administradores não são bobos, sabem que acionistas querem é dividendos, constantes e certeiros, que é uma outra estratégia.
Terceiro, para muitos terem lucro, por menor que seja, significa que seus clientes adoram seu produto, estão dispostos a pagar mais do que ele vale em termos de valor agregado. Isso traz muita satisfação.
Quarto, as pequenas empresas não recebem juros subsidiados do BNDES, não podem pagar os juros altos de bancos, e portanto a única forma de investimento que sobra é o lucro reinvestido.
E pasmem, lucros reinvestidos são taxados pelos nossos governos progressistas em aproximadamente 40%. E agora querem taxar os dividendos.
Quinto, muitos pequenos empresários têm no lucro distribuído o seu ganha pão, vivem disso.
Há estudos que mostram que não vale a pena abrir uma pequena e média empresa.
1. Por serem pequenas não têm escala e competitividade.
2. 60% quebra em 5 anos.
3. O resto quebra em 20 anos.
Então, por que existem empresários que abrem empresas?
Sexto, porque:
1. São engenheiros com 55 anos que não conseguem mais emprego.
2. São administradores com 40 anos que não aguentam mais ter patrão.
3. São pessoas que aceitam ganhar menos, mas ter sua independência e liberdade.
Sétimo, o lucro médio das 500 maiores empresas é de 4% ao ano, nem vale a pena continuar, mas nossos economistas não sabem disto, e acham que com investimentos determinados por eles, voltaremos a crescer.
Oitavo, essas estatísticas sobre a rentabilidade do capitalismo, dos bancos por exemplo, só incluem o capital das empresas que sobreviveram, e não incluem o capital das empresas ou bancos que quebraram ao longo do caminho. Pensem nisso sozinhos.
Nono, 20% das empresas têm prejuízo num ano ou outro, quando o dono nada recebe. Diferente de um professor de sociologia da USP que recebe garantido todo mês, mesmo numa recessão.
Intelectuais que acham que os capitalistas “maximizam o lucro” e que só pensam nisso são na realidade intelectualmente prejudicados.
E estão sem saber prejudicando e muito o Brasil
(*) Stephen Charles Kanitz é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.